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DUQUE DE CAXIAS - Os pacientes do Hospital Infantil Ismélia da Silveira, no Centro de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, têm enfrentado filas grandes para conseguirem atendimento. Segundo eles, isso ocorre porque a unidade tem recebido pessoas de todo o Estado do Rio, o que para eles causa superlotação.
Cremilda da Silva Ribeiro, de 51 anos, está em busca de um psiquiatra. Ela, mesmo morando próximo ao local, chegou na fila para atendimento às 4h desta terça-feira, três horas antes de o expediente começar na unidade.
— Fiquei com medo de não conseguir atendimento, por isso cheguei tão cedo. A fila está cada vez maior e são poucos os números distribuídos para conseguir uma consulta — contou Cremilda.
Para Osvaldo Elizio Mello Guimarães, de 58 anos, que tenta conseguir uma receita médica para a prima, o que tem causado as grandes filas é o fato de que o hospital tem recebido pessoas de todos os lugares do estado.
— Moro perto do hospital. Mas cheguei cedo porque não posso correr o risco de não conseguir a receita para minha prima, que está precisando muito do remédio — afirmou Osvaldo.
Por não conseguir psiquiatra para o marido, que tem esquizofrenia, Eliete Ferreira da Silva, saiu de Belford Roxo, outro município da Baixada Fluminense, em busca de uma solução para o problema:
— Saí de casa às 3h. Nem dormi com medo de perder a hora. Meu marido precisa muito de um psiquiatra.
Outra pessoa que foi ao hospital buscar atendimento foi Malaquias — ele não quis informar o sobrenome. Ele acredita que o grande problema da unidade é que são pouco médicos para muita gente.
— Eles podiam dar mais números (senhas para atendimento). Antigamente era assim. Mas me disseram que os médicos estavam de férias e desde então o local ficou sobrecarregado. Acho que faltam mais profissionais atendendo — disse.
Ele frisou ainda que acha perigoso os pacientes esperarem o hospital abrir do lado de fora.
— Antes as portas eram abertas às 6h, agora é às 7h. Eles não deixam a gente esperar lá dentro. Aqui fora é muito perigoso. Podemos ser assaltados a qualquer momento.
Uma vendedora de café, que se identificou apenas como Maria, trabalha há 20 anos na porta do hospital. Para ela, o local hoje tem um bom atendimento, mas que nem sempre foi assim.
— Antes não tinha médicos, remédios, nada. O atendimento no hospital melhorou muito. O problema das filas grandes é que muitas pessoas são de fora da cidade e sobrecarregam o hospital, que não consegue atender a todos.
Nesta segunda-feira, o prefeito de Duque de Caixas esteve no hospital. Washington Reis alegou que a grande demanda é causada pela migração de pacientes de municípios vizinhos, incluindo a capital, para a unidade. Ele prometeu ampliar o quadro de médicos, hoje composto por 20 profissionais, e melhorar o sistema de informática, de modo que a marcação de consulta, hoje presencial, possa ser feita por telefone em breve. O número de um call center chegou a ser divulgado, mas Reis preferiu deixar para fazer o anúncio oficial somente com o serviço ativo, para não frustrar o público:
— A demanda é enorme mesmo, até porque o hospital infantil fica no limite com a cidade do Rio de Janeiro e migram para cá centenas de pessoas. É nossa rotina. Estamos ampliando serviços. Vou abrir um hospital infantil em Parada Angélica, no limite de Magé, para atender o terceiro distrito. Vamos entregar esse ano nossa maternidade, que vai abrir espaços no (hospital) Moacyr do Carmo. Estamos trabalhando. Não adianta reclamar. Tem que fazer. Estamos buscando recursos em Brasília e parceria com o Estado. O trabalho não para um minuto - afirmou o prefeito, acrescentando que o hospital, que funciona 24 horas com emergência e sem internações, tem uma grande demanda, principalmente, em neurocirurgia e neuropediatria.
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