DUQUE DE CAXIAS - O número de casos confirmados de sarampo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, acendeu um alerta para as autori...
DUQUE DE CAXIAS - O número de casos confirmados de sarampo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, acendeu um alerta para as autoridades, principalmente para o governo federal. Só este ano, segundo a Secretaria municipal de Saúde, o município registrou 151 casos suspeitos e 85 confirmados da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2018, houve apenas dois casos confirmados na cidade.
No estado do Rio, Caxias é o que registra o maior número de doentes, o que significa um surto da doença. No último sábado, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, comentou os baixos níveis de imunização contra o sarampo no estado e destacou a quantidade de casos em Caxias.
— Em São Paulo, o sarampo já fez várias vítimas e a gente não quer que isso venha para o Rio de Janeiro — disse Mandetta à Agência Brasil.
O Mais Baixada percorreu algumas unidades em Caxias e viu um movimento ainda tímido de vacinação. A dona de casa Isabela Gomes da Silva, de 29 anos, está no grupo de adultos que é o público-alvo dessa etapa de vacinação. Ela foi imunizada há um mês, quando o filho Nycollas Santhiago, de 10 meses, ficou internado no Hospital Infantil Ismélia da Silveira.
— Ele estava internado com uma infecção, mas houve um surto de sarampo no hospital. Aí separaram as crianças e vacinaram os acompanhantes. Eu tinha procurado vacina no início da campanha, mas ainda não estavam vacinando adultos. Agora estamos imunizados — contou Isabela, aliviada.
A também dona de casa Jenifer Oliveira, de 29 anos, levou ontem a filha Rebeca, de 1 ano e 3 meses, para se vacinar na Unidade Pré-Hospitalar (UPH) do Pilar. Jenifer já está imunizada contra o sarampo, mas confessa que o alto número de casos na cidade virou motivo de preocupação:
— A gente fica assustado, mas as precauções que pude tomar, eu tomei. Assim que começou a campanha para vacinação dos adultos, me vacinei. Mas tem gente que ainda não está ligando.
Foi a mesma sensação que teve a enfermeira Fabiana Santos Barbosa Cruz, de 39 anos. Mãe de Josué, de apenas 3 meses, ela não abre mão de levar o bebê para tomar todas vacinas da caderneta. E já aguarda ansiosa para vacinar o menino contra o sarampo, assim que ele completar 6 meses:
— Tem muita informação na internet, inclusive fake news, e isso tem deixado muita gente com medo de tomar vacina. Eu não sabia se tinha tomado, então tomei agora, mas fico com medo do meu filho contrair, porque ele só vai tomar daqui a três meses.
Foi graças à vacinação em dia que Davi Lucas, de 4 anos, não teve a doença. Sua avó, Edna Dias, de 39, é babá de um menino de 3 anos, que teve sarampo em outubro deste ano:
— Cuido desse menino e do Davi. Logo no início da campanha, ainda não tinha vacina aqui na UPH Campos Elíseos e ele acabou pegando sarampo. Fiquei com medo do Davi pegar também, mas as vacinas dele estão em dia.
O Centro municipal de Saúde de Duque de Caxias, no Centro, recebe o maior número de pessoas em busca da vacina contra o sarampo. Foi lá que a boleira Claudete Cardoso, de 58 anos, levou a neta de 1 ano e 3 meses para se imunizar contra a doença:
—Estava com medo de ela contrair a doença, mas agora a missão foi cumprida.
A Prefeitura de Duque de Caxias informou que, para alcançar o maior número de pessoas, principalmente na faixa etária de 6 meses a 49 anos, determinadas como prioritárias pelo Ministério da Saúde, disponibiliza a vacina em mais de 50 unidades de saúde. Segundo a Subsecretaria estadual de Vigilância em Saúde, foram notificados 157 casos de sarampo em 2019 no estado, sendo 49 em Caxias e 46 no Rio.
Prefeitura de Duque de Caxias
A Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, informa que as últimas atualizações registradas pelo Departamento de Vigilância em Saúde (DVS) indicam a ocorrência de 151 casos SUSPEITOS e 85 casos CONFIRMADOS da doença no município.
Informa ainda que o CMSDC - Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias (R. General Gurjão, s/nº – Centro) vem se destacando como a unidade que recebe o maior número de pessoas a procura de imunização.
A SMSDC destaca que mantém suas equipes de saúde mobilizadas com o objetivo de intensificar as ações de imunização. Para alcançar o maior número de pessoas, principalmente na faixa etária de 6 meses a 49 anos - determinadas como prioritárias pelo Ministério da Saúde - a Prefeitura de Duque de Caxias disponibiliza a vacina contra o Sarampo em mais de 50 unidades de saúde.
Secretaria estadual de Saúde
A Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES informa que foram notificados 157 casos de sarampo em 2019, distribuídos da seguinte maneira: Angra dos Reis (1), Belford Roxo (12), Cabo Frio (1), Casemiro de Abreu (1), Duque de Caxias (49), Itaguaí (1), Magé (4), Nilópolis (2), Niterói (4), Nova Iguaçu (10), Paraty (12), Rio das Ostras (2), Rio de Janeiro (46), São João de Meriti (11) e Saquarema (1).
A SVS esclarece que orientou os municípios acima sobre ações de bloqueio preconizadas pelo Ministério da Saúde e que, para o Rio de Janeiro e Duque de Caxias, cidades com maior número de casos, emitiu alertas de atenção para possíveis novas notificações e para investigações em tempo ágil. Além disso, equipes da SVS estão em contato com os coordenadores municipais de piores índices de cobertura vacinal e realizam visitas nas localidades.
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde que em 2018, foram confirmados 2 casos de sarampo no Município de Duque de Caxias/RJ. Em 2019, foram confirmados 30 casos de sarampo no mesmo município. Para que seja considerado um surto, basta ter apenas 1 caso confirmado da doença. O Ministério da Saúde monitora e acompanha os surtos de sarampo em todos os Estados e recomenda fortemente a vacina contra o sarampo conforme o Calendário Nacional de Vacinação, no intuito de aumentar as coberturas vacinais no país, e controlar e eliminação da circulação do vírus do sarampo.
Em 2019, o surto de sarampo teve início no Navio de Cruzeiro MSC Seaview que atracou no município de Santos/SP. Foi identificado o vírus do sarampo em alguns tripulantes estrangeiros, sendo o genótipo D8 diferente do encontrado no surto de 2018. Devido a mobilidade da população do estado de São Paulo, ocorreu a propagação da circulação do vírus na população suscetível (não vacinados). O vínculo epidemiológico dos casos do estado do Rio de Janeiro têm relação com casos do estado de São Paulo.
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