Píer na Guia de Pacobaíba deteriorado pelo tempo Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo DUQUE DE CAXIAS - O mecânico aposentado Dan...
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Píer na Guia de Pacobaíba deteriorado pelo tempo Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo |
DUQUE DE CAXIAS - O mecânico aposentado Daniel da Costa Menezes, de 78 anos, guarda como relíquia uma foto do píer na estação Guia de Pacobaíba, em Mauá, Magé. Hoje o local está abandonado, assim como a Praia de Mauá, mas a promessa de linhas hidroviárias de passageiros na Baía de Guanabara tem criado expectativas em moradores, comerciantes e empresários da Baixada Fluminense. Além de desafogar o trânsito, o retorno do transporte aquaviário à região facilitaria o escoamento de produtos, a circulação de passageiros e, no caso de Mauá, revitalizaria o bairro, importante para a história do país. Daniel mora em Mauá há 45 anos e, há 31, abriu um bar na praia. Ele conta que, há cinco anos, o movimento do seu negócio começou a cair.
— Reativar as barcas em Magé iria incrementar e muito o turismo, daria mais vida ao local. Aqui tem muita história — conta Daniel, que apresenta a região aos eventuais visitantes.
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Daniel mostra foto de como era o píer na estação Mauá Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo |
Em julho, o governador Wilson Witzel anunciou, durante a feira Ita Gás & Oil, em Itaboraí, a reativação das barcas em Magé, saindo de Mauá, passando pela Ilha de Paquetá e indo até a Praça Quinze. O projeto não tem previsão para sair do papel, mas os moradores aguardam ansiosos. Para o aposentado Jorge da Silva Santos, de 64 e há 32 anos em Mauá, o serviço levaria outras melhorias para o bairro. Ele conta que são os próprios moradores que fazem a manutenção e limpeza da praia:
— Há 25 anos, construí contenção na praia com outros moradores. A rampa onde os barcos descem foi se deteriorando e os moradores estão reconstruindo.
Ao longo da Avenida Imperador não há iluminação pública e falta saneamento no bairro. O esgoto é despejado diretamente na praia.
Augusto Cézar, de 35 anos, tem um quiosque na praia de Mauá, onde mora há dez anos com a mulher e os dois filhos. Apesar da promessa, não acredita que as barcas sejam reativadas:
— Falam do projeto das barcas, mas nunca sai do papel. São os moradores e pescadores que se organizam para limpar a praia, tirar pneus, troncos, lixo, construir praças. Mauá tem tudo para crescer, mas as coisas só começam a funcionar perto das eleições.
Em Caxias, a instalação das barcas, com a travessia Caxias-Praça Quinze, é discutida desde 2014. O projeto de ligação dos dois trechos foi vetado pelo ex-governador Pezão, mas a Alerj derrubou o veto. Em 2017, o Estado aceitou a inclusão no edital de concessão das barcas a obrigatoriedade da linha para Caxias. Nesse mesmo ano, foram iniciadas no município obras de acesso para a instalação da estação, mas o projeto não foi para a frente.
No estudo ‘‘Novas linhas hidroviárias, uma alternativa para a mobilidade urbana no Rio de Janeiro’’, a Firjan apontou 11 ligações potenciais na região. Uma delas é a Caxias-Praça Quinze. Cláudio Lopes, presidente da Firjan Caxias, acredita que as barcas desafogariam o trânsito na BR-040 e poderiam até aumentar o lucro das indústrias:
— Imagina o número de pessoas que deixariam de circular ali na região se tivesse um modal disponível para a Praça Quinze? A gente teria um bom ponto para fazer o deslocamento de pessoas e escoar a produção das indústrias. Acredito que tenhamos como resultado a qualidade de vida do próprio trabalhador, que não perderia tempo na condução.
A Secretaria estadual de Transportes informou que a implantação das linhas aquaviárias para Magé e Duque de Caxias requer estudos prévios que estarão contemplados na nova modelagem do Sistema de Transporte Aquaviário. A Setrans ressaltou que, conforme publicado no Diário Oficial de ontem, foi revogado o Decreto 46.327, de 29 de maio de 2018, que autorizou a secretaria a licitar a concessão da exploração dos serviços públicos de transporte aquaviário de passageiros, cargas e veículos. Sobre a Praia de Mauá, a prefeitura disse que faz a limpeza constante do local e de toda a orla. A Cedae informou que dará andamento no próximo ano às obras de esgotamento sanitário da região.
Via Extra
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