DUQUE DE CAXIAS - Após três meses de investigação, a Polícia Civil do Rio conseguiu identificar os criminosos que atacaram uma viatura...
DUQUE DE CAXIAS - Após três meses de investigação, a Polícia Civil do Rio conseguiu identificar os criminosos que atacaram uma viatura da Polícia Militar, mataram um PM e deixaram outros dois feridos no dia 9 de agosto. O crime ocorreu na Rodovia Washington Luiz (BR-040), no acesso para a Linha Vermelha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Os investigadores descobriram que traficantes de Caxias foram os responsáveis pelo ataque aos PMs a partir de uma interceptação telefônica com autorização da Justiça. A ação é um desdobramento de uma investigação na 132ª DP (Arraial do Cabo), que apurava a ligação entre o tráfico de drogas em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, e Parque Beira-Mar e Parque das Missões, em Duque de Caxias.
Ao menos quatros criminosos participaram da ação criminosa. Eles foram abordados por agentes do 15º BPM (Duque de Caxias) que faziam um patrulhamento no bairro Parque Duque. Após uma tentativa frustrada de revista, houve perseguição e tiroteio. Na ocasião, o sargento Glaucio Misael da Costa, de 39 anos, foi baleado na cabeça e morreu. Já o PM Raphael Braz da Silva, de 37 anos, foi atingido no pé, e Rodrigo Duarte Siqueira, de 40 anos, foi baleado de raspão na cabeça.
Os PMs foram socorridos no Hospital municipal Doutor Moacyr Rodrigues do Carmo e em seguida transferidos para o Hospital estadual Adão Pereira Nunes, também em Caxias.
Ao menos dois bandidos também foram baleados. No entanto, eles não foram levados para nenhuma unidade de saúde. É que revelam as conversas interceptadas pela Polícia Civil.
'Matamos um cana que já caiu arriado', disse traficante
Em um dos áudios ao qual o EXTRA teve acesso, traficantes revelam que Cristiano Gregório de Lucena, de 31, vulgo "Zé Galinha", do Parque das Missões e um segundo traficante identificado apenas como “Canjica”, foram baleados por estilhados de vidro na cabeça. Durante a conversa, um terceiro bandido diz que o grupo sairia da comunidade em direção a um bairro da Zona Norte do Rio quando foram parados pela PM. A ligação foi realizada entre um traficante identificado como "Queixada" e um outro com apelido de "Abrahão". Confira a íntegra da gravação:
Abrahão: — Pega a visão, pensei que vocês já estivessem vindo.
Queixada: — Não mano, pega a visão (o tiroteio) foi aqui na entrada da favela, aqui no Parque.
A.: — No Parque?
Q.: — Sim, aqui no viaduto do Parque, na entrada da favela. A blazer parou e a bala comeu. O Zé Galinha ficou ferido por estilhaços, o Canjica também.
A.: — Não dá para vim pra cá não, mano?
Q.: — Não, geral está dentro da favela.
A.: — Aqui tem médico e tem enfermeira.
Q.: — Aqui também tem. Tá suave.
Segundo as investigações, o traficante Queixada estava no carro com Zé Galinha e Canjica.
Após explicar para Abrahão, Queixada continua a conversa com o bandido identificado como “G” ou Cristiano.
“G”.: — Quem está baleado?
Queixada: — É o Zé Galinha e o Canjica, mas acho que é estilhaço do vidro. Foi na cabeça.
— (inaudível)
Queixada: — Alô, quem está falando?
G.: — É o G, irmão.
— Qual é irmão, aqui é o Cristiano.
— Qual foi?
— A bala comeu aqui na entrada do Parque, mano. A blazer encostou, parece que deram “nóis”. A blazer tentou cercar “nóis” na Washington e nisso passamos pela do meio e eles vieram atrás, mano. Aí, no viaduto a bala comeu. Matamos um cano. Matamos um cana que já caiu arriado. Foi tete a tête-à-tête. O Zé Galinha ficou ferido por estilhaços. Furou o carro todo que. "Nóis" tacou fogo no carro aqui agora.
— E vocês, estão onde?
— Estamos dentro da favela.
— Já.
De acordo com a Polícia Civil, os três criminosos serão indiciados por homicídio e tentativa de homicídio. Já há mandados de prisão expedidos contra eles pela Vara Única Criminal de Arraial do Cabo.
Segundo a 132ª DP (Arraial do Cabo), a investigação será compartilhada com a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Os criminosos estão foragidos.
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