“Gerar mais qualidade de vida aos moradores de Duque de Caxias” foi uma das postagens nas redes sociais da prefeitura municipal de Duque...
“Gerar mais qualidade de vida aos moradores de Duque de Caxias” foi uma das postagens nas redes sociais da prefeitura municipal de Duque de Caxias em 2018, ao anunciar as obras do viaduto do Gramacho. Mas os moradores da rua Herman Lundgren, não vêem essa preocupação com a qualidade de vida deles ocorrer. Nas últimas semanas a prefeitura mudou sem avisar ninguém – nem no Portal da Transparência – o Termo de Contrato assinado pela Secretaria Municipal de Obras para a construção do Viaduto do Gramacho, que tem um custo total de R$ 10.999.264,55. Segundo o contrato, o objetivo era ligar a Avenida Governador Leonel Brizola com a Avenida Teixeira Mendes. Mas agora, apenas umas das pistas cumprirá o que está no papel.
A mudança na obra ocorre dias antes do prazo final de três meses que a Lei n° 9.504/97 (Lei das Eleições) permite aos prefeitos, vereadores e candidatos participarem de inaugurações de obras públicas. E o caminho mais curto para inaugurar dentro do prazo, foi tirar o viaduto da Avenida Teixera Mendes e fazer uma curva extremamente perigosa para a estreita rua Herman Lundgren. Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, a rua Herman Lundgren é uma via local, “caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas” . Portanto, não pode receber todo fluxo de carros, motos, ônibus, carretas, caminhões que virá da Avenida Governador Leonel Brizola, uma via arterial.
O DIÁRIO DO RIO visitou o local e constatou que na rua moram pessoas com deficiência, bebês recém nascidos e muitos idosos. Além disso, funciona em três turnos o Colégio Estadual São Bento, uma escola particular de ensino infantil e há muitas garagens. E aqui entra o questionamento dos moradores: Com a curva do viaduto sendo executada na rua, como retirar e guardar os veículos? Em caso de emergência, como a ambulância vai parar? Por que a prefeitura mudou o projeto original?
Questionado durante sua live na última quinta-feira (25/06) por uma moradora, o prefeito Washington Reis (MDB) disse que “quem se sente incomodado (com a mudança)… É natural!” e completou “Não quer que passe um fluxo maior… É da vida! Tem que passar em algum lugar! Ah, não quer que dê uma rachadura na parede… gente qualquer casa racha”. Na Herman Lundgren antes da obra casa nunca rachou! Exclamou o comerciante Beto. Todos os dias a prefeitura “come” um pedaço de sua calçada para tentar abrir mais a estreita curva. “Meu bar vai desaparecer!”. lamenta.
A professora Valdete Vieira, ressalta que nenhum morador é contra a obra “Sabemos da importância e necessidade de um viaduto na via férrea, é preciso. Conhecemos também todo o sofrimento das centenas de famílias retiradas do local. No momento os moradores solicitam que o viaduto siga na Avenida Teixeira Mendes, conforme sempre foi divulgado, e não entre na Rua Herman Lundgren, uma via pequena, de casas residenciais, e sem estrutura para receber os diversos tipos de transportes. A pressa faz não terem ouvidos a nossas reivindicações e ainda são ignorantes conosco. Meu esposo em um ato de desespero cruzou o carro no meio da rua, mas foi ameaçado pela Guarda de reboque. Tivemos que tirar”. Valdete ressaltou que os moradores entraram com uma reclamação no Ministério Público, mas ainda aguardam resposta.
Michel Pereira é carreteiro, alerta que será inviável uma carreta ou veículo pesado fazer a curva que estão criando “Não teve um engenheiro de tráfego aqui. Não há sinalização, as casas estão rachando com a trepidação e quando vier uma chuva vai encher tudo (algo que nunca aconteceu) porque a água vai descer e não vai ter para onde escoar. Estão fazendo tudo correndo! Sem manilhas e galeria. É uma tragédia anunciada!”. Michel lembra que não há problema nenhum com a obra, “vai ajudar muito, mas é impossível não se indignar vendo uma descida que pode ocasionar graves acidentes”. A pressa da prefeitura em aumentar a curva do viaduto chegou a família da bióloga Miriam Silva. Ela mora na esquina da rua Herman Lundgren e seu pedaço de muro era essencial para aumentar a curva. Foi ofertado uma indenização de R$ 1.600,00, mas ela recusou.
Os moradores temem com a curva do viaduto na rua Herman Lundgren que as mortes deixem de acontecer na linha férrea e ganhe novo endereço. Ainda reclamam que a obra está na responsabilidade do sexto engenheiro e querem que a prefeitura cumpra o projeto inicial: colocar a saída do viaduto na rua do CIEP Carlos Chagas, justamente por ser grande, sem residências e ter condições de suportar o fluxo diário de veículos.
Do outro lado da linha férrea, ainda existe a preocupação dos moradores e comerciantes de como ficará o já engarrafado centro do Gramacho. É por lá que todo fluxo dos veículos que precisarem ir sentido Lote XV terão que retornar.
Via Diário do Rio.
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