Jeane, mãe de Diego, em frente ao Hosital de Saracuruna, em Duque de Caxias Foto: Cléber Júnior Por Cíntia Cruz - Sem uma solução do poder p...
Jeane, mãe de Diego, em frente ao Hosital de Saracuruna, em Duque de Caxias Foto: Cléber Júnior |
Por Cíntia Cruz - Sem uma solução do poder público, a esteticista Jeane Pedroso, de 43 anos, recorreu às redes sociais. Seu filho, o motorista Diego Pedroso da Silva, de 27 anos, está internado, desde o último dia 20, no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, o Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com suspeita de síndrome de Guillain-Barré. Mas, antes disso, Diego percorreu outras cinco unidades de saúde. Mesmo internado no Saracuruna, o jovem ficou esperando atendimento por dias. Só ontem foi avaliado por um neurologista, após Jeane postar o drama gerar comoção no Facebook.
— É um menino novo, pratica esporte, pai de um garoto de 6 anos, não bebe nem fuma, e agora se vê num leito e sem solução. Só fica deitado, precisa de ajuda para comer e fazer a higiene — desabafou Jeane.
Diego começou com sintomas de dormência na perna, vômito, fraqueza e tontura, no último dia 14. Três dias depois, acordou sem andar e buscou atendimento no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, também em Caxias. Fez tomografia de crânio, foi orientado a procurar um neurologista e acabou liberado.
No dia 18, foi ao Hospital Municipal Duque, no mesmo município, onde também fez tomografia e foi liberado. Como Diego permanecia sem melhora em seu estado, Jeane e a mulher do rapaz o levaram para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. Lá ele fez uma terceira tomografia, foi orientado a procurar um psiquiatra e liberado. A família continuou a peregrinação e foi, no mesmo dia, para o Instituto Municipal Philippe Pinel, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. No local ele foi informado de que seu caso era neurológico.
— Levamos o Diego para o Centro Municipal de Saúde José Messias do Carmo, que fica no Santo Cristo. Lá ele fez teste de Covid-19 e a médica disse que poderia ser a síndrome de Guillain-Barré. Ela pediu transferência dele para o Souza Aguiar — conta Jeane, que voltou com o filho ao hospital no Centro, onde Diego fez mais uma tomografia. Mas à noite, quando mudou o plantão, Diego teve alta:
— Às 22h, o médico do plantão deu alta, alegando que ele não tinha nada. Voltamos para casa meia-noite.
No dia seguinte à tentativa de atendimento no Santo Cristo, Diego conseguiu ser internado no Hospital de Saracuruna. A partir daí, a angústia da família passou a ser pelo diagnóstico. Jeane conta que não havia nenhum neurologista para avaliar seu filho.
— Ele fez tomografia e, no dia seguinte, uma ressonância. Disseram que só dariam o medicamento depois que um neurologista clínico fizesse avaliação. Mas, no Saracuruna, só tinha neurocirurgião. Ele ficou lá jogado, só no soro. A médica disse que tinha feito o pedido para um neuro avaliar. Tentei falar com o diretor, porque meu filho estava definhando. Eles falavam que não podiam fazer nada, era só aguardar.
CD sem nada
Na tarde de segunda-feira, Jeane resolveu usar sua rede social para conseguir ajuda para Diego. Sua postagem narrando a história do filho teve milhares de compartilhamentos. Segundo ela, depois disso, começou a haver movimentação no caso de Diego.
Após a internação, outro problema: Diego fez o exame de ressonância magnética da coluna cervical no Hospital Moacyr do Carmo, mas o CD onde deveriam estar gravadas as imagens do exame estava vazio. A família teve que recorrer a amigos da área pegar o resultado.
Procurada, a Secretaria municial de Saúde do Rio afirmou que Diego “deu entrada no CER Centro em 18 de janeiro, onde foi atendido e examinado, apresentando exame físico, sinais vitais e exames laboratoriais sem alterações”:
“Foi realizada tomografia de crânio e cervical, avaliada pelo radiologista de plantão e neurocirurgião, que não evidenciou alterações agudas ou cirúrgicas naquele momento. O neurocirurgião solicitou os exames pertinentes ao caso e encaminhou o paciente para retorno aos cuidados da clínica médica. Naquela data o exame clínico e laboratorial não aprentava alterações significativas. O paciente recebeu orientações sobre seu quadro e foi encaminhado para atendimento em unidade básica de saúde e prosseguir a investigação do caso clínico. Naquele momento não apresentava critérios para internação clínica”.
A Secretaria Estadual de Saúde não respondeu.
Nota da Prefeitura de Duque de Caxias
A Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, informa que Diego Pedroso da Silva foi atendido na emergência da UPA Beira Mar, no Hospital Municipal Dr Moacyr Rodrigues do Carmo (HMMRC), no dia 17/01/2021, com relato de cefaleia intensa e parestesia a direita. Fez medicação e exames laboratoriais e de imagem, que não mostraram nenhum quadro agudo. Após estabilização do quadro álgico, foi liberado com medicação e encaminhamento para Neurologia.
A direção do Hospital Municipal Duque, também citado na demanda, confirma que o paciente Diego Pedroso da Silva foi atendido na emergência da unidade, em 18/01/2021, tendo relatado estar com formigamento, tonteira, náuseas e vômitos. Não há relato no boletim de atendimento médico do paciente que o mesmo tenha feito exames de imagem em outras unidades. Sendo assim, foi feita a tomografia no paciente, avaliada pelo médico sem encontrar gravidades, o mesmo foi medicado e liberado com alta da emergência.
A SMSDC ressalta que não procedem as informações trazidas na demanda e que se referem à realização da Ressonância Magnética do paciente Diego Pedroso, na data de 21/01/2021, no Centro de Imagens do HMMRC. A direção da unidade informa que nesta data (21/01), o paciente foi conduzido ao hospital municipal, através de regulação do Hospital de Saracuruna (HEAPN), onde o mesmo se encontrava internado. A direção esclarece ainda que, feita a ressonância na noite de 21/01, o CD com imagens seguiu com o paciente que retornou para o HEAPN, enquanto o laudo das imagens seguiu para o Hospital na manhã do dia 22/01. A Direção do HMMRC esclarece ainda que em nenhum momento foi procurada por familiares do paciente e nem pela direção do Hospital de Saracuruna Adão Pereira Nunes com relatos de problemas referentes ao conteúdo do CD de imagens ou sobre o laudo do exame. A direção do Hospital Municipal Dr Moacyr Rodrigues do Carmo, assim como a direção do Hospital Municipal Duque, se colocam à disposição para qualquer esclarecimento e demanda dos familiares."
Nota da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
"O paciente Diego Pedroso da Silva deu entrada no CER Centro em 18 de janeiro, onde foi atendido e examinado, apresentando exame físico, sinais vitais e exames laboratoriais sem alterações. Foi realizada tomografia de crânio e cervical, avaliada pelo radiologista de plantão e neurocirurgião, que não evidenciou alterações agudas ou cirúrgicas naquele momento. O neurocirurgião solicitou os exames pertinentes ao caso e encaminhou o paciente para retorno aos cuidados da clínica médica. Naquela data o exame clínico e laboratorial não aprentava alterações significativas. O paciente recebeu orientações sobre seu quadro e foi encaminhado para atendimento em unidade básica de saúde e prosseguir a investigação do caso clínico. Naquele momento não apresentava critérios para internação clínica."
Via Extra
COMENTÁRIOS