O vereador Catiti (Avante) realizou, no plenário da Câmara Municipal de Duque de Caxias, uma solenidade para exaltar o Dia da Abolição da Es...
O vereador Catiti (Avante) realizou, no plenário da Câmara Municipal de Duque de Caxias, uma solenidade para exaltar o Dia da Abolição da Escravatura que, devido ao avanço da pandemia da Covid-19, não pôde ser celebrado na data em que é comumente comemorada, 13 de maio. Como o vereador é um dos representantes e defensores dos interesses do povo negro no Legislativo duquecaxiense, fez questão de promover, na manhã desta sexta-feira (09), o evento “Abolição da Escravatura – Reflexões, Avanços e Conquistas”, que entregou moções de aplausos para cidadãos negros que se destacam culturalmente e colaboram de alguma forma para o engrandecimento do município.
“Mesmo depois da data prevista, 13 de maio, estou podendo fazer essa homenagem aos ativistas e produtores culturais da cidade, que são também empreendedores. Precisamos exaltar a cultura negra e as nossas lutas, trazendo para essa Casa Legislativa a oportunidade de discutir melhorias como um todo, bem como lutar pelas reivindicações, direitos e deveres, tornando a sociedade mais igualitária para todos”, disse o vereador Catiti que, com o apoio do conselheiro da Comissão da Promoção de Igualdade Racial, Alvimar Carlos da Silva, o popular “Neném”, foi o idealizador do evento.
“Esse evento é uma forma de reconhecer o trabalho das pessoas que estão aqui e que podem até ser conhecidas na cidade. Porém, muitos moradores não sabem a importância do trabalho deles na cadeia produtiva do município”, comentou Neném, que além de fazer parte do conselho, acumula as habilidades de historiador e músico.
A fundadora do projeto “Empodera Samba”, Luciana Andréia Oliveira, que além de ser professora, empreendedora, ativista da causa negra, jornalista, radialista e produtora cultural, foi uma das pessoas que receberam moções de aplausos. Ela, que mora na comunidade da Mangueirinha, localizada no 1º distrito de Duque de Caxias, ficou muito emocionada e grata pelo reconhecimento da Câmara, através do vereador Catiti. “Estou muito emocionada em estar recebendo essa honraria dentro do meu município, depois de 48 anos de nascida, 30 anos de Magistério e 15 anos fazendo cultura na cidade”, externou ela.
De acordo com o pastor Luiz Alberto Xavier, que atua há 30 anos em um projeto social voltado para a infância e adolescência no bairro Centenário (1º distrito) e que contém núcleos em países como a Nigéria, essa é uma forma de destacar a sensibilidade de alguns líderes do movimento negro duquecaxiense. O religioso acredita que essas pessoas, quando alcançam uma posição privilegiada, conseguem enxergar o outro, não pensando egoisticamente só em si, bem como faz o vereador Catiti. “Ele faz do seu cargo uma espécie de ferramenta para que os outros também possam crescer. Esse reconhecimento é sem dúvida uma prova de que nós temos uma autoridade que pode fazer alguma coisa. Acho que unidos nós conseguiremos reeditar a história de Duque de Caxias”, disse o pastor Xavier, que também foi contemplado com uma moção.
Personalidades como o advogado, Wilson Gonçalves - presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro e Promoção da Igualdade Racial e Étnica de Duque de Caxias/ COMDEDINEPIR, Juracy Antônio Costa - presidente do bloco Afro Cultural e Recreativo Imalê Ifê, e também a professora e bióloga Maria de Lurdes da Silva Carvalho (que faz um trabalho social com refugiados em Duque de Caxias), foram um dos destaques do evento. Eles compuseram a mesa ao lado do vereador Catiti e do conselheiro Neném, e também receberam moções de aplausos.
Para Wilson, a iniciativa de Catiti é louvável e serve para que a população crie consciência. Inclusive, o representante do COMDEDINEPIR sugeriu que assim que o fim da pandemia fosse decretado, houvesse na cidade uma “Marcha Pacífica do Povo Negro de Duque de Caxias”, pois o município tem cerca de 67% de negros entre a população, mas que ainda, segundo ele, é invisível. “Precisamos dar visibilidade para que nós negros sejamos o que quisermos, desde que haja respeito às leis”, falou Wilson Gonçalves, que continuou dizendo: “A abolição não foi dada de graça. Foi uma conquista e a gente ainda precisa de uma reparação, pois o que o negro quer é respeito, liberdade e reparação. E essa solenidade mostra a importância dos negros de Duque de Caxias”, concluiu ele, que na década de 1980 foi vereador da cidade, e no passado, também já ocupou os cargos de vice-prefeito e prefeito de Duque de Caxias.
Muito satisfeito com o resultado da solenidade, o vereador Catiti garantiu: “Enquanto eu tiver vida, lutarei por igualdade e justiça social”.
É importante ressaltar que o evento aconteceu de acordo com as normas de segurança e prevenção da Covid-19, tornando obrigatório o uso de máscaras e álcool em gel.
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