Morto pela polícia na quarta-feira (10), o traficante Paulo Vitor Vinuto Barbosa, o Churrasquinho, participava de uma disputa com outros gru...
Morto pela polícia na quarta-feira (10), o traficante Paulo Vitor Vinuto Barbosa, o Churrasquinho, participava de uma disputa com outros grupos criminosos que aterrorizava moradores de Duque de Caxias, da Baixada Fluminense. Tanto traficantes como milicianos exploravam serviços pagos pela população, segundo as investigações.
Nos últimos dois anos, mais de 50 membros da milícia que dominava a região de Vila Urussaí e Saracuruna foram presos. Com isso, traficantes tentam tomar os territórios e os confrontos entre os grupos se tornaram cada vez mais violentos e mortais.
Paulo Vitor era um dos traficantes que promoveram o terror na região. Ele era procurado por, pelo menos, oito homicídios. A polícia, no entanto, suspeita que ele possa ter participado de pelo menos 20 mortes.
Segundo Uriel Alcântara, delegado titular da DHBF, traficantes do Comando Vermelho, a maior facção do tráfico de drogas do Rio e milicianos disputam a área, tendo como resultado o aumento de mortes.
"Houve um aumento de homicídios nessa região, em razão dessa atuação do tráfico, tudo envolvendo essa motivação, esse conflito", explicou o delegado.
Apesar das disputas, as investigações apontam que os grupos agem de forma muito semelhante.
"Ali é o tráfico de fato, que passa a enxergar os meios de obtenção da milícia e também passam a atuar: cobram de empresa, tomam terreno de moradores, fazem cobranças nos conjuntos habitacionais", explicou o delegado.
Os dois grupos atuam extorquindo dinheiro de comerciantes e moradores, tomando casas e expulsando prestadores de serviços como internet e TV a cabo para que apenas seus comparsas possam trabalhar na área. Com diversas prisões de milicianos, o tráfico ganhou força.
"Não existia tráfico lá, hoje o tráfico já entrou. O conflito é territorial realmente, eles colocam barricadas, bocas de fumo em outros pontos. Principalmente na vila Urussaí, em lugares que não existiam o tráfico, hoje são ocupados por traficantes", afirmou.
'Churrasquinho' morto
"Churrasquinho" foi morto em ação da DHBF nesta terça-feira (10) após reagir à prisão — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Considerado um dos traficantes mais perigosos da região, "Churrasquinho" foi morto após atacar a tiros policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), de acordo com a polícia.
Entre os crimes violentos que ocorreram na área está o assassinato de dois homens dentro de um carro, em abril. Segundo as investigações, Paulo Vitor emparelhou uma moto e atirou contra o carro onde estavam Lukas Pereira de Alcântara e Adalberto Castro da Silva, que possuíam envolvimento com a milícia local, segundo as investigações.
O carro bateu e Paulo Vitor deixou o veículo, caminhou até os ocupantes do carro e disparou várias vezes. O crime foi registrado por câmeras de segurança da área.
Em julho de 2021, Churrasquinho participou da morte de outra vítima: o subtenente reformado da PM Manoel Fernando da Silva Pereira, conhecido como Bacural.
Por volta das 19h do dia 30, segundo a Polícia Civil, ele estava em um bar na rua M, em Saracuruna, quando foi alvo de vários tiros e morreu no local.
Em março de 2021, ele também participou, segundo a polícia, da morte de Marcio da Silva Apolinário Paula. Marcio foi assassinado em frente à esposa, por supostamente pertencer à milícia local.
Morte de mãe e filho
Carlos Henrique Santos de Araújo, o CH — Foto: Portal dos Procurados/Divulgação
Churrasquinho é apontado, ainda, como o assassino de Anderson Pereira da Silva e da mãe dele, Elineuza Batista da Silva, em 23 de junho deste ano. Segundo as investigações, ele e outros criminosos foram até a casa da vítima e dispararam várias vezes com fuzis contra o homem. Na tentativa de salvá-lo, a mãe o abraçou e também foi morta.
As mortes aconteceram na frente da companheira de Anderson e dos filhos do casal. Depois dos dois assassinatos, os bandidos jogaram uma granada e tentaram colocar fogo na residência.
"Por algum motivo, ele foi associado à milícia, e a motivação foi realmente essa. Executaram a mãe dele que estava no meio também", afirmou.
Um dos apontados como autores do duplo homicídio é procurado pela polícia: Carlos Henrique dos Santos Araújo, o CH, de 32 anos. Além de outras mortes, como o envolvimento no homicídio de Bacural, ele possui mandados de prisão por roubo majorado e corrupção de menores.
Histórico
Há registros da atuação de milicianos e grupos de extermínio na região de Vila Urussaí e de Saracuruna desde os anos 2000.
Investigações da DHBF indiciaram 24 pessoas em 2020 por crimes envolvendo a ação da milícia desde 2012.
"A Polícia Civil prendeu mais de 50 ali. Ali é uma milícia regionalizada, prendemos milicianos foragidos desde 2012, alvos de investigações da Draco, da própria DHBF, e fizemos essa operação com 24 indiciados", afirmou Uriel Alcântara.
Elton Ignácio, o "Gordão da Civil" — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
A milícia é dividida em três núcleos: um chefiado por Márcio Henrique Idalgo Rodrigues dos Santos, o "MH"; outro chefiado por Elton de Souza Ignácio, vulgo “Gordão da Civil”; e um terceiro João Victor do Nascimento Faria Soares, vulgo “Vitinho ou VT”.
Marcio Henrique, o MH, também está preso — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Mesmo presos, todos tentavam tomar o controle de diferentes partes dos dois bairros. "MH" era o principal líder da região e vivia em conflito com o grupo de Elton, que tinha milicianos oriundos do Quitungo, em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio.
O grupo de VT era responsável, segundo as investigações, por extorquir dinheiro de mototaxistas e comerciantes na região dos conjuntos habitacionais, bem próximas aos locais dominados pelo tráfico de drogas.
Via G1
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