Um menino de 13 anos com problemas no intestino está há seis meses internado com a barriga aberta, à espera de um transplante. Ewerton Rober...
Um menino de 13 anos com problemas no intestino está há seis meses internado com a barriga aberta, à espera de um transplante. Ewerton Roberto já foi operado sete vezes no Hospital Adão Pereira Nunes (Saracuruna), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense — e os médicos decidiram, então, não mais fechar o ventre do menino.
A mãe de Ewerton, Marlucia Damascena, conta que nunca tem uma resposta para a aflição do filho. Segundo ela, o intestino do filho não está cicatrizando.
"Ele fala sempre para mim que quer ir para casa. 'Mãe, sonhei que eu ia para casa com a barriguinha fechada'. Eu não sei o que fazer. Eu acho que é muita covardia para uma criança porque não deixa a gente tentar alguma coisa, procurar a Justiça, entendeu? Eles falam que estão tentando. Mas não estão tentando nada. Eu tentei conversar, pedir, eu tive que recorrer a vocês porque eu não consigo", disse a mãe.
A irmã mais velha, Adryelli Cristina, também acompanha o drama. Ela se reveza com a mãe para ficar com Ewerton no hospital.
"Isso é desumano para uma criança sorridente. Ele é alegre. Só que nessa dificuldade o limita um pouco", contou a irmã.
Ewerton deu entrada no hospital no dia 17 de fevereiro, depois de ser atendido num posto de saúde de Duque de Caxias com dores no abdômen. A família conta que no mesmo dia o menino foi levado para o Hospital Adão Pereira Nunes para fazer uma tomografia — e já ficou internado.
"Na tomografia constou que o intestino estava colado. Foi quando fizemos a primeira cirurgia", contou a mãe.
De acordo com a família, nas primeiras semanas de internação foram sete cirurgias.
"Abriam, fechavam, abriam, fechavam. Por último, resolveram deixar aberto. Falaram: 'Olha, não tem como ficar fechando porque a parede do intestino está gasta, e não tem muito o que se fazer. Porque está abrindo toda hora, não está cicatrizando por dentro", contou Marlucia.
Segundo a família, nos primeiros meses com a barriga do Ewerton aberta foi instalado um equipamento que ajudava no funcionamento do intestino. Há cerca de quatro meses o menino passou a ficar com uma bolsa na barriga, chamada bolsa de peritoneostomia.
"Quando a bolsa vaza, ele chora, arde. O suco gástrico arde e ele não consegue dormir às vezes", disse a irmã.
A família também se queixa da falta de informações claras no hospital.
"Uma hora falam que não tem o que se fazer, que fizeram de tudo por ele. Já agora, falaram que só um transplante salvaria a vida dele. Aí por último, uma reabilitação intestinal", disse Marlucia.
A família diz que pediu ao diretor do hospital documentos para transferir Ewerton, mas foram negados. E que nas reuniões com a direção sempre teve a presença de um advogado representando o hospital.
"Sempre tem alguém do lado, um advogado, né? Na última vez que eu tive com o diretor também foi assim, com o advogado do lado", contou Marlucia.
O primeiro laudo médico só apareceu no quinto mês de internação, segundo a família, logo depois que o caso foi parar na internet. O documento diz que Ewerton tem síndrome do intestino curto. Quinze dias depois, um novo laudo, agora informando síndrome do intestino curto com fístula entérica.
No desespero, a família começou uma vaquinha na internet para buscar um tratamento. Mas essa demora gera medo em toda a família.
"Meu medo é de perder o meu irmão. Se a única alternativa é um transplante, a gente tem que tentar. Acho que ele lutou seis meses por esse transplante. Ele está lutando pela vida", disse a irmã Adryelli.
Ewerton fez aniversário no dia 9 de agosto no hospital. Completou 13 anos e fez um vídeo com pedidos para os cinco irmãos que sofrem aguardando a volta dele para casa.
"Oi, Marcela e Maia. Gente, não chora, tá? Eu vou voltar qualquer dia. Não vou embora, não. Vou ficar com você, Eduardo, Marjorie, Adryelli. Eu amo vocês, tá? Beijos", disse Ewerton no vídeo.
O que diz o governo
A Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Central Estadual de Regulação (CER), informa que Ewerton Roberto foi inserido no sistema de regulação e aguarda o retorno do Centro Transplantador fora do estado para avaliação de possível procedimento cirúrgico. O paciente já realizou todos os exames necessários. O laudo médico e os exames foram enviados à unidade transplantadora.
O paciente está internado na enfermaria pediátrica e apresenta estado de saúde estável.
A direção do hospital disse que Ewerton deu entrada na unidade com histórico anterior de cirurgia abdominal, quadro de distensão no estômago, associado a episódios de vômito, desmaios e desnutrição. Após exame clínico e de imagem no hospital, foi detectado dano em parte das alças intestinais e a necessidade de cirurgia para a sua retirada. Durante o período pós-operatório, o paciente passou por novo procedimento, com a redução de boa parte de seu intestino, em virtude de problemas anteriores.
O hospital ressalta que todos os passos referentes ao atendimento prestado ao paciente foram passados aos familiares pelo corpo médico do hospital e está à disposição para esclarecer qualquer dúvida.
Via G1
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