Estudantes de cursos que foram encerrados ou transformados na modalidade de ensino a distância pela Unigranrio (Universidade do Grande Rio),...
Estudantes de cursos que foram encerrados ou transformados na modalidade de ensino a distância pela Unigranrio (Universidade do Grande Rio), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, afirmam que foram surpreendidos pelo anúncio de que a universidade não formaria novas turmas.
Segundo eles, a instituição não deu opções e foram avisados em cima da hora que teriam que ser transferidos para outras universidades. Segundo eles, isso prejudica especialmente os alunos bolsistas do Prouni – Programa Universidade para Todos, do Ministério da Educação.
Na terça-feira (25), a Unigranrio confirmou que 12 cursos seriam fechados e outros sete transferidos para a modalidade EAD. A instituição nega as acusações de que não esteja dando o apioo necessário nas transferências.
O DCE Malala Yousafzai, que representa os estudantes da universidade, afirmou por meio de uma nota que a instituição não está dialogando com os estudantes adequadamente e que eles ficaram sabendo dos cortes por meio de terceiros ou informações na imprensa.
"Precisamos ser ouvidos e respeitados, educação não é mercadoria e todo o processo vivido em semestres de graduação não podem ser arruinados. As aulas na Unigranrio começam em poucos dias. Como ficam os que tiveram seus cursos cortados? Como ficam os decretados como apenas EAD? Queremos respostas, muito mais do que um simples ‘mude de instituição’", diz o texto.
Segundo eles, os relatos feitos pelos alunos afirmam que eles não tiveram um período de aviso ou adaptação.
"Com uma falta de amparo, informalidade em ações de cunho jurídico e a falta de garantias em suas promessas, o que se nota atualmente no ambiente acadêmico é uma grande falta de instrução e sinceridade pois sua grande maioria não foi avisada sobre o corte do curso e, só ficaram sabendo por terceiros ou veículos de notícias como mostram alguns relatos."
Alunos surpreendidos
Estudantes dos cursos impactados conversaram com o g1 e pediram para não serem identificados por medo de represálias da instituição.
"Para situar melhor a minha situação e dos alunos que já cumpriram mais de 75% de seus cursos, nós não conseguiríamos transferência para outra faculdade sem que precise voltar praticamente para a metade do curso", afirmou um estudante de Arquitetura e Urbanismo.
Segundo ele, a solução proposta pela Unigranrio é a transferência.
"Ao início do ano, por volta da segunda semana de janeiro, nós fomos surpreendidos não só com uma mensagem informal do coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo de que o curso iria ser extinto, mas também fomos coagidos a aceitar um acordo de transferência para a Unisuam, universidade localizada em Bonsucesso", contou outro estudante do mesmo curso.
Segundo ele, a oferta do curso de Arquitetura na Baixada Fluminense permitiu a ele sonhar com uma carreira na área.
"A existência dele em Duque de Caxias permitiu que eu tivesse uma perspectiva de vida, que não seria possível se esse curso fosse ofertado apenas em locais elitizados", disse.
Os estudantes também fazem queixas em relação à acessibilidade.
"É inviável para muitos alunos, inclusive eu, por causa do deslocamento, custo e horário. Muitos alunos são bolsistas. Eu, por exemplo, tenho uma bolsa que é exclusiva da Unigranrio, não consigo transferir para nenhuma outra universidade e não gastava muito com passagem porque a faculdade era próxima e acessível. Não achamos outra universidade no mesmo local com as mesmas condições, ou condições parecidas, qualquer transferência terá que ser para o Rio, que além da mensalidade mais cara que não podemos pagar, seremos prejudicados em relação a acessibilidade, horário, saímos da universidade às 22h, e custo."
Alunos de Serviço Social que possuem bolsa do Prouni também reclamam da falta de segurança. O curso passará para EAD.
“A faculdade está acabando com nosso curso na modalidade presencial por alegar perda de custo e falta de procura ao curso. E a nós, alunos Prouni, estão dando um contrato absurdo nessa troca de modalidade, cancelando nossa bolsa pelo Prouni, e dando uma bolsa 100% deles, sendo que, neste contrato, não nos garante a conclusão do curso, remetendo a nós bolsistas abrir mão da bolsa Prouni e ficarmos à disposição deles”, afirmou um aluno.
O que diz a universidade
Em nota enviada ao g1, a Unigranrio afirmou que está dando apoio aos estudantes das modalidades que não serão mais ofertadas para que eles concluam os estudos.
“A Universidade está arcando com a integralidade das mensalidades dos alunos matriculados, transferidos para outra instituição. Para isso, negociou previamente com outra instituição de ensino - de mesmo porte e mais próxima geograficamente - para que não houvesse prejuízo acadêmico ou financeiro. Somente após essa negociação concluída, os alunos de Arquitetura foram comunicados pela coordenação de curso, desde 11 de janeiro, de forma remota e também com diversos atendimentos individuais e em grupo de forma presencial, diariamente. Alguns alunos, inclusive, já assinaram o termo de transferência”, afirmou a universidade.
A Unigranrio afirma que a "dinâmica de abertura e fechamento de cursos faz parte da rotina das instituições de ensino e que, em virtude do cenário mercadológico atual, a demanda por determinados cursos para a modalidade presencial foi reduzida, levando à migração para EAD".
A instituição disse ainda que planeja investimentos ao longo do ano, como laboratórios na área de saúde e ampliação de núcleos voltados para as áreas de Direito, Administração e Contabilidade (veja a íntegra das notas abaixo).
Nota do DCE Malala Yousafzai:
"Diante dos recentes fatos ocorridos na Universidade Unigranrio, causados pela empresa gestora Afya, o DCE vem se pronunciar por meio desta nota de repúdio.
Os acontecimentos que vêm acontecendo dentro da instituição têm gerado uma insatisfação geral por parte dos discentes que integram o corpo estudantil, docentes e funcionários atuantes na faculdade. Não se pode mais demonstrar passividade diante dos fatos, uma vez que a Empresa Afya vem mostrando não estar interessada em abrir um diálogo direto com aqueles que são seus alunos, enquanto também, clientes que usufruem dos serviços oferecidos através de sua rede particular educacional.
Com uma falta de amparo, informalidade em ações de cunho jurídico e a falta de garantias em suas promessas, o que se nota atualmente no ambiente acadêmico é uma grande falta de instrução e sinceridade pois sua grande maioria não foi avisada sobre o corte do curso e, só ficaram sabendo por terceiros ou veículos de notícias como mostram alguns relatos. A mudança de formação que antes eram presenciais ou semipresenciais para a modalidade EAD e, a descontinuação de outros, demostra como a Afya não se interessa pelo alunos e alunas, mas sim, pelo capital que nós fornecemos com seu aumento abusivo de mensalidades durante uma época de pandemia, desemprego e crise econômica.
O DCE Malala Yousafzai representando a todo corpo estudantil declara que não aceitará tais medidas tomadas pela universidade. Precisamos ser ouvidos e respeitados, educação não é mercadoria e todo o processo vivido em semestres de graduação não podem ser arruinados. As aulas na Unigranrio começam em poucos dias. Como ficam os que tiveram seus cursos cortados? Como ficam os decretados como apenas EAD? Queremos respostas, muito mais do que um simples “mude de instituição”.
Nota da Unigranrio
"A Unigranrio esclarece que está prestando total assistência aos alunos do curso que não será mais ofertado, respeitando cada situação individual e assegurando que todos concluam os estudos. A Universidade está arcando com a integralidade das mensalidades dos alunos matriculados, transferidos para outra instituição. Para isso, negociou previamente com outra instituição de ensino - de mesmo porte e mais próxima geograficamente - para que não houvesse prejuízo acadêmico ou financeiro. Somente após essa negociação concluída, os alunos de Arquitetura foram comunicados pela coordenação de curso, desde 11 de janeiro, de forma remota e também com diversos atendimentos individuais e em grupo de forma presencial, diariamente. Alguns alunos, inclusive, já assinaram o termo de transferência.
A Unigranrio informa que a dinâmica de abertura e fechamento de cursos faz parte da rotina das instituições de ensino. Estas análises de "enturmação" são feitas de forma rotineira a cada semestre letivo, sem que haja nenhum tipo de prejuízo aos alunos que estão em curso, garantindo a formação de todos.
Em virtude do cenário mercadológico atual, muitas áreas do conhecimento se desenvolveram e se capacitaram na área tecnológica, fazendo com que a demanda por determinados cursos para a modalidade presencial fosse reduzida em todo o país, o que leva à migração para o EAD.
A universidade segue com grandes planos para 2022: grandes investimentos, com destaque para 17 novos laboratórios para a área de Saúde, incluindo simuladores importados para práticas médicas de alta tecnologia; revitalização das clínicas de Odontologia, ampliação do Núcleo de Práticas Jurídicas para o curso de Direito, Núcleo de Apoio Fiscal para o curso de Contabilidade e Administração; e revitalização do Parque Tecnológico, que vai contemplar a troca de cabeamento de rede, ampliação dos roteadores, melhoria do sinal do wifi, novos projetores, entre outras ações".
Via G1
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