Mesmo com a recente redução no preço dos botijões de gás, anunciada na última sexta-feira (08/04) pela Petrobras, o reajuste do valor ainda ...
O preço da venda do GLP da Petrobras para as distribuidoras cairia 5,58% a partir de sábado, dia 9 de abril. Essa era a informação anunciada pela estatal. Com o reajuste, o botijão de 13Kg teria uma redução média de R$ 3,27. No entanto, no cálculo feito pelo economista Alberto Ajzental, professor da EAESP - FGV, a redução ao consumidor não deve passar dos R$ 6,50.
“O custo da refinaria é por volta de 50% do preço final, então se a Petrobras reduzir R$ 3,25, num limite máximo, o revendedor diminuiria entre R$ 3,25 e no máximo 6,50. Mas os distribuidores não agem dessa forma. Quando o custo sobe, em geral, o repasse do limite de preços é quase imediato, mas o inverso não acontece. Acredito que só entre uma e duas semanas isso vai chegar ao consumidor, que é mais ou menos o prazo de os revendedores comprarem novos estoques a um custo menor”, avalia.
Além do valor de revenda das refinarias às distribuidoras, a composição do preço do botijão de gás também leva em conta os tributos e os custos de distribuição. Para Caio Ferrari, professor de Economia do Ibmec-RJ, o impacto aos consumidores não será significativo, e pode até não ser sentido caso outros fatores que interferem no preço final se alterem:
– Uma redução significativa não vai acontecer. O impacto é pequeno, praticamente imperceptível, e se outros custos mudarem - se a distribuição ficar mais cara em função de uma nova alta dos combustíveis, por exemplo - pode ser até que na prática essa redução anunciada se anule e não seja sentida pelos consumidores – avalia.
Além disso, o recuo feito pela estatal não vai compensar o aumento anunciado em março, quando o GLP foi reajustado em 16,06%:
– Essa redução é de agora é muito mais baixa do que o aumento do mês passado. Esse recuo foi devido ao fortalecimento do real e a redução do preço do barril. A Petrobras está sendo coerente com a política de compatibilizar o preço no país com os valores lá de fora. Mas ainda não é algo para se comemorar. Claro que qualquer redução é válida, mas o impacto de uma redução de 5% não é significativo, é quase desprezível – afirma Paulo Feldmann, professor de Economia da FEA-USP.
Nas revendedoras do Rio, botijão chega a R$ 125
O preço médio do GLP no estado do Rio é de R$ 101,52, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) apurados entre os dias 3 e 9 de abril, antes da redução anunciada pela Petrobras entrar em vigor. O botijão mais caro está em Macaé, no Norte Fluminense, onde a média de preço da unidade de 13 kg é de R$ 124,60.
Na cidade do Rio, a média é de R$ 99,89, e os maiores preços estão na Zona Oeste, onde o botijão chega a custar R$ 102 em Padre Miguel; R$ 105 em Realengo e R$ 108 em Bangu.
Mas o valor do botijão pode ir além, e passar dos R$ 120 na capital fluminense. O EXTRA pesquisou o preço do GLP em cinco revendedoras da cidade. Todos os pontos de venda ainda praticavam nesta segunda-feira preços sem redução. Apenas uma das revendedoras, no Encantado, na Zona Norte, já projeta uma redução de cerca de R$ 3,00. Nas outras quatro, os estabelecimentos ainda aguardavam o repasse das distribuidoras.
Para José Luiz Rocha, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Classe das Revendas de Gás LP (Abragás), a redução ao consumidor não depende apenas do reajuste entre as distribuidoras e os revendedores, mas também da concorrência do setor.
– Os aumentos chegam normalmente ao consumidor "de foguete", mas quando há redução, o preço baixa "usando paraquedas". O mercado é livre e as distribuidoras repassam aos revendedores normalmente aquilo que eles entendem que devem repassar. Além disso, muitas vezes, pela concorrência do setor, o revendedor já está com um preço baixo e não tem condições de bancar uma nova diminuição. Vai depender do repasse das distribuidoras e do comportamento local, já que normalmente é a concorrência que define os preços ao consumidor – diz.
Via Extra
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