Projeto cultural, desenvolvido pelo Ciep 320 Ercília Antônio da Silva, insere os alunos neste universo literário, com interações e diversas ...
Projeto cultural, desenvolvido pelo Ciep 320 Ercília Antônio da Silva, insere os alunos neste universo literário, com interações e diversas atividades
Um pouquinho do Nordeste em Santa Cruz da Serra. O Ciep 320 Ercília Antônio da Silva, em Duque de Caxias, realizou uma ação muito especial: um projeto cultural imersivo em comemoração ao Dia Nacional do Cordel, celebrado em 1º de agosto. O evento integrou toda a escola e trouxe, na prática, uma nova forma de aprendizado para os alunos, inserindo-os neste contexto literário repleto de fantasia e imaginação.
– A literatura de cordel é uma parte muito importante desse pluralismo cultural que vivemos no Brasil. Este projeto contribui, direta e indiretamente, com a relação interpessoal dos estudantes. Um dos principais objetivos é que eles desenvolvessem habilidades sociais importantes, além de descobrirem e aperfeiçoarem seus talentos. Com esta prática, nossos alunos estão percebendo como a escola pode oferecer algo muito maior do que imaginaram, não se restringindo apenas ao espaço da sala de aula – afirmou Rafael Coelho da Silva, diretor-geral do Ciep.
A literatura de cordel teve início no século 16, quando o Renascimento passou a popularizar a impressão dos relatos que eram feitos oralmente pelos trovadores. A tradição desse tipo de publicação vem da Europa, mas, aqui no Brasil, se popularizou com suas poesias simples. Seu nome vem da forma como esses folhetos são vendidos, normalmente são pendurados em barbantes, cordas ou cordéis.
– Nosso país é imenso e com muita história. Tem coisas que a gente não sabe, e estudar assim é algo novo, muito bom. Esse evento é importante também por ser fora da sala de aula, trazendo essa caracterização. Estamos aprendendo a cultura do Brasil, do nosso Nordeste – disse Matheus de Souza, de 19 anos, o "Lampião da 320", que cursa a 3ª série do Ensino Fundamental na escola.
O cordel tornou-se uma vertente popular muito forte no Nordeste do Brasil, onde as histórias e lendas do sertão foram imortalizadas, junto com os costumes e a cultura da região. Este tipo de literatura tem algumas características peculiares, com uma essência cultural muito forte, pois relata tradições regionais e contribui bastante para a continuidade do folclore brasileiro.
As histórias têm como ponto central uma problemática que deve ser resolvida com a inteligência e a astúcia do personagem, e o herói sempre sai ganhando – caso ele não consiga realmente o que queria, há outra forma de equilibrar a história e fazer com que ele seja favorecido de alguma forma.
– A literatura de cordel nos permite contar nossas histórias de maneira leve e poética, refletindo nossa realidade de forma encantadora. Educação e cultura andam de mãos dadas, e acreditamos que este projeto irá despertar nos alunos o gosto pela leitura, pela poesia e pelas rimas, que já são parte do seu cotidiano. Agora, eles terão a oportunidade de explorar essas formas de expressão através da rica tradição da literatura de cordel, tão presente na cultura do povo nordestino – destacou Maria Angélica Soares Silva, diretora pedagógica da Regional Metropolitana V.
O projeto ‘320 em Cordel’ tem como finalidade aperfeiçoar o processo de aprendizagem, transformando, de forma criativa e na prática, alguns dos obstáculos pedagógicos do cotidiano escolar em metodologias lúdicas, expressivas e interativas. A escola se “arrumou” toda para o evento, com folhetos de cordéis em fios de sisal fixados com prendedores de madeira, barraquinhas literárias, cartazes e pinturas feitas em telas confeccionadas pelos próprios alunos, sob a orientação da especialista Aline Derradi.
– Isso é a realização de um sonho. Nossa movimentação gerou tudo isso aqui. É um trabalho em equipe. Sozinho ninguém faz nada. Ver a felicidade dos alunos, aprendendo e se divertindo, faz com que tudo valha a pena. Estamos colhendo alegrias – afirmou Aline, professora de artes na escola desde 2014.
As turmas se dividiram e realizaram diversas atividades culturais, como esquetes teatrais, recitais, coreografias e apresentações musicais. A ideia é que o aluno aprenda por meio de sua prática e, assim, reconheça a própria autoria naquilo que produz, em uma linda homenagem literária que vai além do imaginário.
– O evento é muito importante para nós e para toda a escola. Esse conteúdo é rico demais, e somos incentivados a aprender de uma forma bem divertida. Conhecer nossa cultura assim fica muito melhor – concluiu a "Maria Bonita", Larissa de Almeida, de 18 anos, aluna da 3ª série do Ciep.
Foi um dia repleto de aprendizagem e muita emoção, que vai ficar marcado na vida de toda a comunidade escolar.
Fotos: Ellan Lustosa – Seeduc-RJ
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